terça-feira, 23 de abril de 2019

Centenário de Waldir Calmon (3)


A "era" da boates no Rio de Janeiro


Em 30 de abril de 1946, o então presidente do Brasil, Eurico Gaspar Dutra, assinou um decreto que proibia os jogos de azar no país e, consequentemente, os cassinos. Milhares de pessoas perderam o emprego e as casas noturnas tiveram de se adaptar a uma nova realidade. O jogo bancava os shows luxuosos - em salões enormes, com orquestras numerosas e muitas vedetes – e, sem ele, já não era mais possível seguir com o mesmo padrão. Casas menores, com um número reduzidos de músicos e sem show girls começaram a surgir. O estilo de cantar também mudou para ficar mais condizente com o novo espaço: as grandes vozes cederam lugar às interpretações mais intimistas. Um novo tipo de casa noturna surgia – a boate.

Em 1946, foi inaugurada uma das mais famosas boates brasileiras: a Vogue, na avenida Princesa Isabel, limite entre Leme e Copacabana, no Rio de Janeiro. No mesmo ano, surgia a Night and Day, no Hotel Serrador (Centro, RJ). Outras foram surgindo e tornando-se ponto de encontro de empresários brasileiros e estrangeiros, celebridades e políticos influentes. Vale lembrar que o Rio de Janeiro era a capital da República e o Brasil saiu da Segunda Grande Guerra com um belo superávit, e a Europa, devastada, tentava se reerguer dos escombros. Articulações políticas e negócios eram feitos à noite, dentro destas boates. A noite do Rio fervilhava!

Talvez pela presença da Vogue, outras boates surgiram na região. As mais badaladas foram a Sacha’s (do pianista turco Sacha Rubin), a Fred’s, a Drink (do pianista Djalma Ferreira e, posteriormente, da família de Cauby Peixoto) e a Arpège (do pianista Waldir Calmon). Uma época de ouro, com filas de espera na porta, que durou até a metade dos anos 60 – quando a mudança da capital para Brasília começou a mostrar seus efeitos na noite carioca.

Fotos 1 e 2: interior da boate Vogue
Foto 3: Linda Batista e Jorge Goulart cantando na boate Vogue
Foto 4: interior da boate Sacha’s
Fotos 5 e 6: capas de discos do pianista Sacha Rubin
Foto 7: capa do disco da boate Drink, reproduzindo a porta de entrada da casa
Foto 8: entrada da Drink
Foto 9: o pianista Djalma Ferreira, primeiro dono da Drink.
Foto 10: entrada da boate Arpège (acima)
Foto 11: capa do disco Uma Noite na Arpège, com um desenho da boate
Foto 12: interior da Arpège
Foto 13: anúncio de jornal, divulgando a inauguração da Arpège
Foto 14: nota no jornal Correio da Manhã sobre o sucesso da Arpège (23-12-56)
Foto 15: nota sobre Os melhores da Semana, no jornal Diário da Noite (17-10-56), falando de Waldir Calmon e da Arpège.

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No primeiro vídeo, Djalma Ferreira e seus Milionários do Ritmo interpretam Samba do Drink (Djalma Ferreira - Luis Antônio). Em seguida, Waldir Calmon e o Samba no Arpège (Waldir Calmon - Luiz Bandeira).

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