A "era" da boates no Rio de Janeiro
Em 30 de abril de 1946, o então presidente do Brasil,
Eurico Gaspar Dutra, assinou um decreto que proibia os jogos de azar no país e,
consequentemente, os cassinos. Milhares de pessoas perderam o emprego e as
casas noturnas tiveram de se adaptar a uma nova realidade. O jogo bancava os
shows luxuosos - em salões enormes, com orquestras numerosas e muitas vedetes –
e, sem ele, já não era mais possível seguir com o mesmo padrão. Casas menores,
com um número reduzidos de músicos e sem show
girls começaram a surgir. O estilo de cantar também mudou para ficar mais
condizente com o novo espaço: as grandes vozes cederam lugar às interpretações
mais intimistas. Um novo tipo de casa noturna surgia – a boate.
Em 1946, foi
inaugurada uma das mais famosas boates brasileiras: a Vogue, na avenida Princesa Isabel, limite entre Leme e Copacabana,
no Rio de Janeiro. No mesmo ano, surgia a Night
and Day, no Hotel Serrador (Centro, RJ). Outras foram surgindo e
tornando-se ponto de encontro de empresários brasileiros e estrangeiros,
celebridades e políticos influentes. Vale lembrar que o Rio de Janeiro era a
capital da República e o Brasil saiu da Segunda Grande Guerra com um belo
superávit, e a Europa, devastada, tentava se reerguer dos escombros. Articulações
políticas e negócios eram feitos à noite, dentro destas boates. A noite do Rio fervilhava!
Talvez pela
presença da Vogue, outras boates
surgiram na região. As mais badaladas foram a Sacha’s (do pianista turco Sacha Rubin), a Fred’s, a Drink (do
pianista Djalma Ferreira e, posteriormente, da família de Cauby Peixoto) e a Arpège (do pianista Waldir Calmon). Uma
época de ouro, com filas de espera na porta, que durou até a metade dos anos 60
– quando a mudança da capital para Brasília começou a mostrar seus efeitos na
noite carioca.
Fotos 1 e 2:
interior da boate Vogue
Foto 3: Linda
Batista e Jorge Goulart cantando na boate Vogue
Foto 4:
interior da boate Sacha’s
Fotos 5 e 6:
capas de discos do pianista Sacha Rubin
Foto 7: capa
do disco da boate Drink, reproduzindo a porta de entrada da casa
Foto 8:
entrada da Drink
Foto 9: o
pianista Djalma Ferreira, primeiro dono da Drink.
Foto 10:
entrada da boate Arpège (acima)
Foto 11: capa
do disco Uma Noite na Arpège, com um desenho da boate
Foto 12:
interior da Arpège
Foto 13:
anúncio de jornal, divulgando a inauguração da Arpège
Foto 14: nota
no jornal Correio da Manhã sobre o sucesso da Arpège (23-12-56)
Foto 15: nota
sobre Os melhores da Semana, no jornal Diário da Noite (17-10-56), falando de Waldir Calmon e da Arpège.
No primeiro vídeo, Djalma Ferreira e seus Milionários do Ritmo interpretam Samba do Drink (Djalma Ferreira - Luis Antônio). Em seguida, Waldir Calmon e o Samba no Arpège (Waldir Calmon - Luiz Bandeira).
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